Quando o Sol se Deita a Sete Palmos
Lembro quando me rasgou a carne Expus as tripas sobre teus lençóis E lhe banhei com elas até a lua nascer.

Lembro quando me rasgou a carne
Expus as tripas sobre teus lençóis
E lhe banhei com elas até a lua nascer.
Nus, imergimos no etílico
Desparafusamos os lábios
Desmaquinamos o corpo
Lubrificamo-nos com suor, saliva
…gozo…
Antes que o sol morresse
Orbitávamos seus raios voyeurs
Brechando-nos pela cortina
Uma efervescência à três.
O fim de tarde escapava da ampulheta
Despejávamos delírios no teto do quarto
Os traços de Van Gogh bailavam na janela
Dançávamos no ritmo cardíaco
Dois servos de Baco, Romeu e Julieta
Provando do veneno um do outro
Boca a boca, para salvar as vidas de plástico…
Ali, ante o funeral solar, éramos tudo
A existência parecia um ácaro
Enquanto após um voo de Ícaro
Caíamos, nos braços de Morfeu
Salvos pelos sonhos
Até a intragável manhã seguinte
Quando o sol destemperará o ontem…
