Dissecação
Como um poeta Um cientista da palavra As disseco, minucioso Para entender as entrelinhas Que costuram sua alma Experimento, duvidoso De…

Como um poeta
Um cientista da palavra
As disseco, minucioso
Para entender as entrelinhas
Que costuram sua alma
Experimento, duvidoso
De que seu cerne se aproxima.
Molhamos apenas os pés
na margem da palavra
Sua profundidade abissal
está onde os olhos dormem
As tripas das palavras me digerem
E tenho fome de ser devorado.
Quem vê palavra
com o olho da razão
não despe sua veste
não a vê nua e crua
não se seduz por esta Vênus.
O poeta é um apaixonado
Captura faíscas ao vento
Para engendrar incêndios
Só os que se queimam nesta pira
não terão moedas sobre os olhos.
