O tempo es
⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀cor
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ re
entre os desfiladeiros da derme
Erode a carne em êxodo
Os ponteiros rasgam a pele
Como se esgarça um pano
Num lavar que se repete
E, em fuga das mãos que espremem,
não temos êxito, derramamos…
O que vive é água corrente
Pouco a pouco afoga-se num ralo
Em um canto flauteado cano abaixo
Derramamos e der ra ma mos e der
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ra
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ma
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀mos
E, quando der, num boca a boca qualquer, um ar
Uma água, um fiapo de vida, nem que seja
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀p
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀i
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀n
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀g
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀o
Algo para hidratar as rachaduras
por onde o tempo brecha.
Brotamos, florescemos e vamos secando
Derrame após derrame no rastro dos dias
Como um copo de bebida que vira na mesa
Uma vez que foge do corpo o mar não volta
As ondas serão outras
Embora o mesmo o cais
A ser chicoteado pelo tique-taque
das águas furiosas do tempo.
d
e
r
r
a
m
a
m
o
s
pelos olhos pela pele pelos pelos
gota por gota por gota por gota
na boca escura do vaso ávido
do invisível eterno…
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