De Mudança
A juventude se mudou Foi inventar de morar nas fotos Contra minha vontade, diga-se Nunca vou caber em papel Mas inda assim rio e choro ao…

A juventude se mudou
Foi inventar de morar nas fotos
Contra minha vontade, diga-se
Nunca vou caber em papel
Mas inda assim rio e choro
ao mirar aquele espelho do tempo
Queria mesmo era morar ali dentro.
As listras que cortam a tez
Fazem questão de contar
os anoshorasminutossegundos
As finitudes teimam em morrer
Mas tudo que morre é belo
porque finda.
Venho empacotando as coisas
Malas e mais malas de falas
que a boca não ousou expelir
Saudades nos cantos vazios
o tanto quanto puder encaixar
O amores que vivi e não vivi
E todas as vezes em que morri
Soco tudo na boca do estômago
Onde também moram borboletas.
No âmago cultivo perpétuas
À flor da pele colho violetas
Vou, sem estar pronto
(Nunca estamos)
Parto, de mudança,
para outra.
