Casa vazia
Entre molduras
sorrisos presos.
Cartas mortas
em caixas
P.S. Para Sempre.
Nas paredes
tintas descascadas
fraturas expostas.
As janelas marejadas
Vez ou outra lagrimam
por ninguém vislumbrá-las.
O pó
Lençol sobre a estante
Hiberna.
Voz alguma ecoa
Senão assobio de vento
Cantarola solidão.
Silêncios são óbitos de sons
Fim de risos e sussurros
Que outrora ensolararam.
Criança correndo em corredor
Alegria na sala de jantar
Casal se tirando para dançar
O tempo, levado, levou.
A casa está solteira
Não há quem queira
Solidão entrou pela frente
Poeira veio pela fresta
E o silêncio, de repente.
A casa está cheia
de tudo
de coisas
de lembranças
de fantasmagorices
de tudo que inventam
quando chamam seu nome.
Casa vazia
Entre pregos e tábuas
Dorme.
