
A cor descasca
revela feridas
jamais cicatrizadas.
O fogo congela
Se apaga
Morre
E jogo na cama
as suas cinzas.
Por acaso rasga um riso
em meio ao rosto pétreo
Dando de comer à esperança
de que a flor não murche.
Mas há sempre uma penumbra
Girando o trinco da porta
Basta um fresta, uma fenda
Que se doa o corpo em oferenda
Às bestas que dormem nas grutas.
Por vezes gotejam pétalas
Outrora serenam pedras
As quais lanço sobre mim
Pelo que não cometi.
Busco fissuras
No céu do escombro
Sob o peso que escondo
Não vislumbro cura.
A vista toca as rosas
E a foice as roça
Num piscar de olhos
Condenaram-me ao eterno descor
E a pôr o nublado sobre as coisas
Há sempre trovejo no interior
E vez ou outra desejo o nunca.
